A gripe aviária, também conhecida pela sigla H5N1, mata mais da metade dos infectados, mas desde que foi descoberta, em 2003, apenas 332 pessoas morreram dela, e isto por que ela não é transmitida por via aérea, só por contato direto entre aves e humanos.
Dilema letal
Agora, foi publicado um dos trabalhos escolhidos pelo site Wired como os mais importantes de 2011, que trata de uma descoberta aterrorizante: cinco mutações bastavam para que o vírus H5N1 passasse a ser transmitido pelo ar. Uma gripe tão letal causaria uma pandemia se pudesse ser transmitida como a gripe comum ou a gripe suína, por espirros e tosse.
Assim que o cientista Ron Fouchier, do Erasmus Medical Centre, em Roterdã, Holanda, anunciou que havia identificado as mutações, surgiu a polêmica: publicá-las ou não publicá-las. Temia-se que laboratórios produzissem a cepa com mutações para praticar o bioterrorismo, ou que um acidente ou falha na segurança das amostras resultassem em um vazamento do vírus letal para a atmosfera. Nos dois casos, terror e morte se seguiriam.
Depois de muita discussão, foi decidida a publicação do trabalho científico com todos os detalhes das mutações. A esperança dos cientistas é que a publicação permita o desenvolvimento de vacinas e uma rotina de investigação em campo das mutações existentes, para verificar se alguma cepa na natureza possuía alguma das mutações necessárias – a estimativa é que se alguém for infectado por uma versão com duas das mutações, nos cinco dias de infecção normal as outras três mutações poderiam ocorrer, e o vírus poderia passar a ser transmitido por espirro e tosse.
Família problemática
O Influenza A é uma “família” de vírus que ataca aves e alguns mamíferos. Os diferentes membros desta “família” recebem um nome relacionado à hemaglutinina (H) e à neuraminidase (N) específicas. Existem 17 diferentes hemaglutininas, de H1 a H17, e 9 diferentes neuraminidases, de N1 a N9. A gripe suína tem a hemaglutinina tipo 1 e a neuraminidase tipo 1 também, por isto seu “nome” é H1N1. Mas ainda é um vírus Influenza A.
Diferentes combinações H e N resultam em vírus que são mais ou menos perigosos, que atacam uma ou várias espécies. O vírus H5N1 por enquanto é bastante virulento para aves, tendo matado milhões delas, e também é letal para seres humanos, mas não tão virulento, pois não é transmitido por via aérea.
Sintomas
As pessoas que foram infectadas pelo H5N1 “pegaram” a versão do vírus das aves, já que ainda não existe uma versão para humanos, o que implica que o vírus vai causar uma pneumonia viral. Os sintomas comuns são febre, tosse, dor de garganta, dores musculares, conjuntivite e, em casos severos, problemas respiratórios e pneumonia que pode ser fatal.
A severidade da infecção depende em grande parte do estado do sistema imunológico da pessoa infectada e se ela já havia sido exposta ao vírus anteriormente (o que a deixaria parcialmente imune). Não se sabe se a versão para humanos terá outros sintomas.
Por enquanto, o vírus que está causando mais problemas é o da gripe suína, a H1N1, que já está causando mortes também neste inverno. Fique alerta aos sintomas desta gripe e, se puder, vacine-se.
Fonte: http://hypescience.com
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