sexta-feira, 25 de maio de 2012

A guerra de 40 anos contra o câncer.


No dia 23 de dezembro de 1971, o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, assinou o Ato Nacional do Câncer. A nova legislação teve grande apoio e veio em um tempo de muito otimismo. Muitos pensaram que essa passagem iria levar-nos até a cura da doença em poucos anos.

A legislação nunca mencionou a palavra “guerra”, mas alguns a consideram uma declaração de guerra ao câncer. A lei, e o movimento por trás dela, tirou a doença das sombras.

Quarenta anos depois, a guerra continua, e muito do otimismo acabou. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no ano 2030, a expectativa é de 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média rendas.

Esse ano, no Brasil, as estimativas (também válidas para o ano de 2013) apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma. Os tipos mais incidentes são os cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino, e cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e glândula tireoide para o sexo feminino.

Como a batalha obviamente não terminou, fica a pergunta: o que conseguimos nesses 40 anos?

Hoje, sabemos que o câncer é muito mais complicado do imaginávamos em 1971. A ciência conseguiu oferecer uma compreensão fantástica da doença em nível celular e molecular. Isso adicionou uma definição do câncer baseada na genética.

O Ato Nacional de 1971 ofereceu recursos para pesquisas federais, especialmente as do Instituto Nacional do Câncer americano. Quatro décadas depois, muitas clínicas desenvolveram tratamentos, especialmente quando para os estágios iniciais da doença. Infelizmente, poucos casos de câncer conseguem ser curados após a metástase – quando ele se espalha para outras partes do corpo.

A expansão da epidemiologia do câncer e dos programas de prevenção, em conjunto com a ciência, tem definido muitas causas da doença e maneiras de preveni-la. Ainda em 1971, estudos revelaram que o tabaco causa câncer de pulmão e doenças cardíacas. Estudos posteriores mostram que o fumo está ligado a 14 tipos de câncer e várias outras doenças. Outras causas já comprovadas do câncer são os poluentes do ambiente e a combinação de obesidade, ingestão de muitas calorias e falta de atividade física.

Com o tempo, o registro dos casos melhorou. Isso foi importante para revelar o aumento da mortalidade e declínio do câncer ao longo dos anos.

Os esforços para controlar a doença já salvaram milhares de pessoas. Mas pesquisas atuais mostram que ainda há muito potencial de prevenção. Por exemplo, um estudo recente mostrou que um em cada seis casos de câncer (2 milhões por ano) são causados por infecção tratáveis ou evitáveis. Isso pode ocorrer por falta de tratamento adequado, que não é disponível e aplicado em toda a população.

Em uma guerra, 2 milhões de mortes evitáveis são inaceitáveis. Mas com o câncer, isso é esquecido. Nos resta lutar para que seja lembrado.


Fonte: http://hypescience.com





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